Ausência de infraestrutura de drenagem precariza vida no Bairro Tupi
Em períodos de fortes chuvas, o volume de água represada na Rua Áurea Rocha Madeira e no interior das casas chega a 40 cm de altura
Foto: Bernardo Dias/ CMBH
Instalada em uma grande região de fundo de pedreira, no limite norte do Bairro Tupi (Regional Norte da capital), a Rua Áurea Rocha Madeira ilustra um dos principais gargalos da região: a ausência de um eficiente sistema de drenagem para o grande volume de água de chuva que se acumula no local. O problema se agrava quando essa água pluvial encontra as caixas e saídas de esgoto improvisadas pelos moradores, alagando ruas e casas com água suja. Em visita técnica da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana ao local, na manhã desta terça-feira (25/7), a comunidade denunciou que a situação tem sido ignorada pelo poder público há anos e cobrou a intervenção dos parlamentares para possíveis providências. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foi acionada para realizar obras de contenção no alto da pedreira e elaborar um projeto de drenagem e recapeamento da via.
Representante da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Carla Marques explicou que a Rua Áurea Rocha Madeira e as casas em seu entorno estão em um local de loteamento irregular de interesse social, o que significa que a divisão dos lotes adquiridos pelos atuais moradores não havia sido previamente aprovada pela Regulação Urbana. Diante disso, conforme denunciaram os moradores, a Cemig e a Copasa estariam se negando a disponibilizar a adequada estrutura de saneamento e iluminação no local, alegando que não há previsão segura das dimensões da via pública e das calçadas onde seriam instalados os postes e as manilhas de água. A Urbel informou que não tem autonomia financeira ou técnica para atuar no problema, sugerindo que os moradores se mobilizassem para captar recursos por meio do Orçamento Participativo.
“Isso aqui alaga de uma hora para a outra. Eu já perdi meus móveis duas vezes, convivo com ratos e baratas e já peguei até esquistossomose tentando desentupir o cano para escoar a chuva”, alertou Leideir Ferreira de Araújo, morador da região há 16 anos, explicando que a água que desce do alto da pedreira recolhe dejetos pelo caminho e, além de chegar em grande volume, entope a precária estrutura de drenagem improvisada pelos moradores. “Não dá para esperar Orçamento Participativo, precisamos de uma intervenção mais urgente”, ponderou Araújo, lembrando que o volume de água pluvial que desce da pedreira aumentou bastante nos últimos seis anos, após obra realizada pela prefeitura na Rua Dolores Duran (continuação da Rua Eutália Engrácia de Almeida), no alto da pedra.
De acordo com o morador, essa rua é uma descida íngreme e tinha um alto relevo lateral que continha grande parte do volume de água durante o período chuvoso. No entanto, a obra realizada no local retirou o obstáculo, prejudicando os moradores no pé da pedreira.
Saneamento básico
“Do asfalto para cá não tem nenhuma intervenção da Copasa. Já pedimos várias vezes, mas nunca fizeram as ligações”, denunciou Juliano Santos, morador do bairro há 15 anos, afirmando que o prédio instalado na Rua Dolores Duran não possui uma caixa de esgoto que comporte seus dejetos e deixa que escorram pela pedreira. “Esgoto e água de chuva descem pela pedra. Como não há escoamento pluvial adequado, a água se mistura com o esgoto aberto na rua e alaga até às canelas”, completou o morador.
A comunidade afirmou, ainda, que enfrenta graves problemas de deslocamento e acessibilidade nos períodos de chuva, uma vez que a Rua Áurea Rocha Madeira, que já de terra e bastante irregular, fica cheia de buracos. Os moradores cobraram a pavimentação do trecho, iluminação e ligação de água em toda a região.
Encaminhamentos
Representante da Sudecap, o engenheiro Sérgio Fernando explicou que a cobertura asfáltica impermeabiliza o solo, o que não seria apropriado para o local que já sofre com problemas de alagamento. Portanto, antes dessa etapa, o engenheiro explicou que os moradores devem acionar a Diretoria de Projetos da Sudecap e solicitar a realização de estudos no local para projetar as intervenções de drenagem.
Autor do requerimento para a audiência, o vereador Cláudio da Drogaria Duarte (PMN) afirmou que cobrará da Sudecap uma intervenção emergencial na contenção das águas pluviais na Rua Dolores Duran como forma de minimizar os impactos aos moradores da Rua Áurea Rocha Madeira. Paralelamente, serão realizadas reuniões com a Cemig e a Copasa a fim de garantir a instalação de iluminação e saneamento no local. Ainda, será acionada a Diretoria de Projetos da Sudecap para elaboração do projeto de drenagem e cobertura asfáltica.
Superintendência de Comunicação Institucional
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