Jovens devem discutir novas formas de fazer política e construir a cidade
Etapa municipal do Parlamento Jovem foi aberta na Câmara de BH com a presença do presidente Henrique Braga
Foto: Abraão Bruck/CMBH
Em um período de grande disputa ideológica e de articulações políticas e econômicas nefastas, percebidas e denunciadas em todo o mundo, é consensual a necessidade de se rever as práticas em todos os níveis da esfera pública. Esse foi o tom da sessão inicial da edição 2017 do projeto Parlamento Jovem. Reunidos na quarta-feira (26/4) na Câmara de BH, dezenas de estudantes que integram o projeto discutiram problemas e possíveis caminhos para a construção de uma nova sociedade. Até que ponto os partidos políticos conseguem representar as correntes ideológicas? Por que convocar os jovens para essa discussão? Como combater o machismo e o racismo? De que forma a participação política constrói caminhos para a reinvenção das relações sociais? O debate marcou a abertura da etapa municipal do projeto, que se estende durante todo o ano.
“Essa sociedade egoísta, individualista, em que vivemos, já deu errado. Vivemos hoje o esgotamento desse sistema moderno, que não se manterá por muitos anos mais. Esse é o momento de criatividade, de invenção do novo. Daí a importância da participação de vocês. A gente precisa urgentemente inventar o que vem de novo”, afirmou o professor doutor José Luiz Quadros de Magalhães, docente dos cursos de graduação em Direito da PUC Minas e da Universidade Federal de Minas Gerais, convidado a conversar com os estudantes.
O professor destacou que “estamos num momento na história que é muito especial. Um momento de ruptura. Poucas gerações viveram isso. O último fim de uma época, de um sistema social, jurídico e político específico, foi a passagem do feudalismo para a modernidade. E isso foi 500 anos atrás”, lembrou Magalhães, reafirmando a necessidade de se criar um novo sistema de sociedade, a partir do diálogo e do conhecimento. “O último relatório da ONU diz que até 2030 nós teremos mais um bilhão de habitantes no planeta terra, que vão querer beber água, comer, ter um celular, ter um laptop, ter um automóvel, mas não vai ter jeito. Por que já não está tendo”, alertou o professor.
Os estudantes apontaram diferentes limitações e violências percebidas na sociedade, tentando encontrar soluções possíveis. O professor destacou que vivemos uma lógica moderna de negação do outro que não segue os padrões estabelecidos. Nesse sentido foi defendida a organização social. “Acredito em movimentos sociais, em articulação e organização. A possibilidade de transformação está no diálogo”, alertou Magalhães, destacando que o caminho é longo e deve contar com “pequenas revoluções diárias: em casa, na escola, no trabalho e no trânsito”.
Perspectivas
“Nós começamos a despertar na política é no tempo estudantil. É importante que vocês estejam enfronhados nessa tarefa”, defendeu o presidente da Casa, vereador Henrique Braga (PSDB), estimulando os jovens a se dedicar aos estudos e à participação política, na esperança de que não apenas cobrem a efetiva atuação dos parlamentares, mas possam se preparar para, um dia, ocupar esses espaços. “Sintam que essa casa é de vocês”, concluiu.
Docente do curso de graduação em Ciências Sociais da PUC Minas, a professora Andráa Santos defendeu a importância da compreensão dos processos políticos pelos jovens, tanto para fortalecerem sua participação quanto pelo protagonismo que podem exercer. “Principalmente em momentos tão delicados como temos passado nos últimos meses, é extremamente relevante que participem, que digam o que pensam, o que propõem”, completou.
Em perspectiva semelhante, a vereadora Áurea Carolina (Psol), presidente da Comissão de Participação Popular, afirmou que “a Câmara precisa ser esse lugar de acolhida, de debate público, em que as pessoas se sintam à vontade para participar das decisões”. Nesse sentido, a vereadora destacou que a Comissão de Participação Popular tem trabalhado pela retomada de processos de encontro com a sociedade, para pensar juntas os caminhos das políticas públicas.
“Precisamos cada vez mais da juventude tomando para si esses processos de participação democrática. Ainda mais nesse momento difícil que vivemos no Brasil. Contem com a gente porque a Comissão de Participação Popular é esse espaço aberto para a gente imaginar outras cidades possíveis”, concluiu.
O projeto
Desenvolvido desde 2004, o Parlamento Jovem de Minas é um projeto de formação política, voltado a estudantes do ensino médio e de nível superior, que oferece a esses jovens a oportunidade de conhecer o processo legislativo e os instrumentos de participação popular. O PJ é uma iniciativa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em parceira com a PUC Minas e as câmaras municipais de diferentes partes do estado, entre elas a de BH, sob a coordenação da Escola do Legislativo.
A cada ano, um tema de relevância social é escolhido e debatido pelos jovens, que desenvolvem pesquisas, participam de palestras e de processos formativos sobre o assunto. Os encontros mensais acontecem no próprio Legislativo Municipal e nas escolas, com a orientação de alunos de graduação da PUC Minas e servidores. A partir daí, os alunos discutem e elaboram, de forma coletiva, propostas para o enfrentamento do problema em questão. Após amplo processo de votação, as proposições eleitas são encaminhadas para a apreciação das Comissões de Participação Popular da Câmara de BH e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nas etapas municipal e estadual do projeto, respectivamente.
A etapa municipal do Parlamento Jovem de Minas 2017 conta com a participação de estudantes do ensino médio das Escolas Estaduais Cândido Portinari e Professor Morais, que vão discutir o tema “Educação Política nas Escolas”.
Superintendência de Comunicação Institucional
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