Vereadores preocupados com as enchentes na região

Com a finalidade de discutir os recorrentes transtornos e prejuízos causados às residências e ao comércio, decorrentes das enchentes provocadas pelas chuvas em Belo Horizonte, principalmente na avenida Vilarinho, na região de Venda Nova, foi realizada no dia 30 de março, no Plenário Helvécio Arantes, audiência pública em conjunto com as Comissões de Meio Ambiente e Política Urbana e de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário. A reunião, também, discutiu o programa de obras públicas municipais e o plano de desenvolvimento para encontrar soluções para esse problema.

O Coordenador do Núcleo de Execução de Projetos Especiais de Saneamento, Ricardo Miranda Aroeira, explicou que o problema das inundações é complexo, tendo em vista que se trata de fenômenos naturais que entram em conflito com o modo de ocupação urbana com os recursos hídricos da região. “Ninguém elimina por completo o problema da inundação, pois qualquer projeto tem base em parâmetros que podem ser superados a qualquer momento”, esclareceu Miranda. Ele ainda ressaltou que o problema do lixo que entope as bocas de lobo obstruindo o escoamento das águas das chuvas, bem como a impermeabilização do solo, são outros fatores que contribuem para o agravamento da situação.

Em relação aos projetos que a Prefeitura tem para minimizar os impactos causados pela chuva, não só na avenida Vilarinho, mas como em toda a cidade, Miranda afirmou que há uma verba de aproximadamente 650 milhões de reais para isso e que há um planejamento de obras anti-inundação nos próximos dois anos. Cerca de 200 milhões reais, desta verba, seriam destinadas para a região de Venda Nova. Além das obras previstas, há 36 Núcleos Anti-Chuvas (NACs) espalhados pela capital em que a população recebe informações para evitar as inundações e de, caso ocorra as enchentes, quais procedimentos podem tomar e terem um lugar aonde possam se abrigar. Outros procedimentos vêm sendo tomados, como a instalação de um sistema de alerta e monitoração das chuvas e a disposição de placas sinalizadoras nas vias de risco de inundação.

O secretário de Administração Regional Municipal Venda Nova, João Batista Viana, considerou que o asfaltamento, do ponto de vista técnico, “é um desastre” para a cidade como um todo, porque impermeabiliza o chão e impede o escoamento da água. “A água não tem para onde ir, e pior, com o asfalto ela corre mais ainda em direção às várzeas”, declarou o secretário. Batista sugeriu que, para solucionar o problema, a Câmara Municipal precisa encontrar uma alternativa para acabar com o asfaltamento; a comunidade precisa cuidar das ruas, evitando jogar lixo nas vias e podando as árvores; e as lideranças políticas da região precisam se mobilizar para intensificar os recursos para as obras que precisam ser realizadas.

Os moradores da região também tiveram a oportunidade de se manifestar durante a audiência. O representante dos comerciantes da Vilarinho e morador de Venda Nova, Antônio Avelino, afirma que desde o ano de 1997 há problemas na avenida. Avelino relembrou que duas pessoas morreram afogadas na via naquele ano, bem próximo à sua casa, e que, com a construção do metrô, a situação melhorou um pouco. No entanto, segundo ele, um tempo depois as bocas de lobo foram tampadas e o problema piorou novamente. O também morador e líder comunitário do bairro Jardim Europa, Gilberto José da Silva, acrescentou: “se teve solução para o Ribeirão Arrudas, por que não para a Vilarinho?”

O vereador João Bosco Rodrigues ‘João da Locadora’ (PT) alertou para o aumento da especulação imobiliária da região, devido à proximidade de Venda Nova com o Centro Administrativo. Na avaliação do parlamentar, isso acarretará em um aumento de urbanização no local, gerando mais manchas de concreto na região, com consequente impermeabilização do solo e aumento dos danos provocados pelas chuvas.

O parlamentar Iran Barbosa (PMDB) finalizou a reunião expondo sua insatisfação pelo fato “de a avenida Tereza Cristina ter recebido um sistema de drenagem novo e a Vilarinho, onde sempre ocorre enchentes, não ter recebido nada”.

Participaram da audiência os vereadores Iran Barbosa (PMDB), Léo Burguês de Castro (PSDB), João Bosco Rodrigues ‘João da Locadora’ (PT), Autair Gomes (PSC), Wagner Messias ‘Preto’ (DEM), Paulo Sérgio ‘Paulinho Motorista’ (PSL) e o 2º vice-presidente da Casa, vereador Silvinho Rezende (PT). Foram, ainda, convidados para a reunião, a coordenadora do Núcleo de Execução de Projetos Especiais Plano Diretor de Drenagem, Ilda Maria Carvalho Aguiar, e Jeneson Lopes, morador da região de Venda Nova.