Contratação de pessoas com deficiência leva inclusão para dentro dos gabinetes
Assim como os servidores efetivos, PcD que atuam na assessoria parlamentar contribuem com suas experiências para o dia a dia da CMBH
![dara](https://cmbhweb.cmbh.mg.gov.br/sites/default/files/styles/2_colunas_desktop_teste/public/noticias_destaques/2025/01/whatsapp_image_2025-01-30_at_17.16.44.jpeg?itok=VufepZPm×tamp=1738268357)
Fotos: Dara Ribeiro/CMBH
O servidor Luan Mogis Cândido Silva caminha orgulhoso pelos corredores do Palácio Francisco Bicalho, a sede da Câmara Municipal de Belo Horizonte, no bairro Santa Efigênia. Trabalhando na Casa desde os primeiros dias de janeiro, ele já se habituou a receber olhares admirados de colegas e conta que não é raro ser convidado a posar para fotos - pedido que ele sempre atende satisfeito, com um sorriso no rosto. Com síndrome de Down, Luan trabalha como assessor parlamentar no gabinete da Dra. Michelly Siqueira (PRD), advogada especializada em direito da pessoa com deficiência e eleita no ano passado para seu primeiro mandato. “Quando ela foi na minha casa e me convidou para o emprego, eu pulei de alegria”, lembra Luan. Apesar de ainda se destacar entre os servidores da CMBH, Luan não é único. Outros gabinetes contam com pessoas com deficiência em seus quadros. Entre os servidores efetivos, 38 são PcD. Em comum, todos contribuem com suas experiências para fazer o trabalho dos diversos setores da Câmara ainda mais relevante.
Com 29 anos, Luan é formado em gastronomia pelo Senac e atua também no Instituto Viva Down, associação sem fins lucrativos que reúne crianças e adolescentes para atividades no contraturno escolar. Em sua página no Instagram, dá dicas de culinária. No gabinete, Luan atende ao público, faz pesquisas, realiza visitas externas e, principalmente, é um exemplo da importância da inclusão no mercado de trabalho. A Câmara é seu primeiro empregador formal e o contracheque de janeiro, que ele recebeu há alguns dias, o primeiro de sua vida. “Incluir é dar respeito, trabalho e garantia de direitos. Ao comentarmos que contratamos o Luan, muita gente elogia e se mostra satisfeito com a iniciativa. Mas é preciso que isso seja comum e não algo que surpreenda”, afirma Michelly.
Autismo e TDAH
A assessora parlamentar Graziele Gomes de Carvalho, de 45 anos, recebeu tardiamente, já na vida adulta, o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 de suporte, caracterizado por alterações leves na comunicação, socialização e comportamento. Ao observar o filho, atualmente com 15 anos de idade e também com TEA, ela começou a entender as razões de ter sido rotulada como “diferente” ou “esquisita”, principalmente na infância e adolescência. Hoje, ela atende famílias atípicas no gabinete do vereador Diego Sanches (Solidariedade), também em seu primeiro mandato. “Acredito que por fazer parte do espectro e viver a maternidade atípica tenho legitimidade para acolher quem chega até nós. Ao compartilhar minha condição, as mães se identificam e se sentem mais à vontade”, afirma. Ela se diz incluída “de forma respeitosa” pelos colegas e por Diego, que a acolheu de maneira que se sentisse “pertencente ao time”.
Diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) há dois anos e meio, Philip Augusto Passos de Oliveira é assessor parlamentar no gabinete do vereador Cleiton Xavier (MDB), reeleito para o segundo mandato. Com 33 anos de idade, ele conta que o trabalho na Câmara é o primeiro em que tanto colegas quanto as pessoas que recebe no dia a dia conseguem entender seus limites e também suas potencialidades. “Sinto-me muito bem acolhido e ninguém me critica quando eu falo demais, como demais ou tenho dificuldade para me concentrar”, diz ele. Como várias pessoas com condições parecidas com as dele, o diagnóstico foi um divisor de águas em sua vida. “Quando jovem, fui expulso da escola e levei quatro bombas. Ao tomar os medicamentos pela primeira vez, pude entender quem é o Philip. Parei, olhei para mim mesmo e disse: ‘Então é assim que eu sou’”, conta.
Mercado de trabalho desigual
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022, a população brasileira com deficiência é estimada em 18,9 milhões de pessoas com dois anos ou mais. Esse número corresponde a 8,9% da população com essa faixa etária. No mercado de trabalho, a desigualdade é imensa. Enquanto apenas 26,6% das pessoas com deficiência encontram alguma ocupação, esse índice para o restante da população é de 60,7%. Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 55% das pessoas com deficiência que trabalham estão na informalidade, enquanto para pessoas sem deficiência esse percentual é de 38,7%. Não apenas, mas também por isso, promover a inserção nos gabinetes é tão importante. Como estampado na camiseta que Luan vestia no dia da entrevista para esta reportagem: “Que a inclusão vire rotina”.
Superintendência de Comunicação Institucional