FEMINICÍDIO

Seminário Mulheres Vivas vai discutir o homicídio de mulheres no século XXI

O encontro deve abordar políticas públicas de combate à violência e a evolução do direito até a tipificação do feminicídio em 2015

sexta-feira, 15 Fevereiro, 2019 - 18:15
Mulheres fazem caminhada em solidariedade às manifestações feministas na América Latina, que tem países com alta taxa de feminicídio. Cartaz com os dizeres "13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil"

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor realiza nos dias 7 e 8 de março o Seminário - Mulheres Vivas: um olhar crítico a respeito do feminicídio. O encontro deve abordar políticas públicas de combate à violência e a evolução do direito até a tipificação do feminicídio. A iniciativa do seminário é da presidente Nely Aquino (PRTB), com o apoio da Bancada de Mulheres. Feira de economia solidária com artesanato produzido por mulheres e oficina de teatro para mulheres estão na programação. O evento é gratuito e aberto a todos os interessados. Inscreva-se para participar!.

Números alarmantes

Em destaque no ranking dos países que mais matam mulheres no mundo, o Brasil ocupa a assustadora 5ª posição, somando quase cinco mil homicídios por ano. Dos 4,7 mil assassinatos de mulheres registrados em 2013 no país, mais de 50% foram cometidos por familiares, sendo que, em um terço desses casos, o crime foi praticado pelo parceiro (ou ex-parceiro) da vítima. Esse alto número de mortes representa, em média, 13 mulheres assassinadas todos os dias.

Os dados são do Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil, publicado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e outras instituições internacionais parceiras como a ONU Mulheres, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM).

O feminicídio é o homicídio praticado contra mulheres em razão da condição de gênero, podendo envolver agressões físicas ou psicológicas, abuso ou assédio sexual, tortura, mutilação genital, espancamentos e outras formas de violência. Publicada em 2015, pelo governo federal, a Lei 13.104 alterou o Código Penal brasileiro tipificando o feminicídio como homicídio qualificado e incluindo-o no rol dos crimes hediondos. A mudança é reconhecida como uma conquista das mulheres na luta pela garantia de direitos fundamentais e se soma à Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006), que institui mecanismos para coibir e prevenir a violência contra a mulher em âmbito doméstico e familiar. A norma homenageia Maria da Penha Maia Fernandes, personagem de destaque na luta contra a violência doméstica que, vítima de seu ex-marido, quase foi morta por duas vezes em 1983.

“Mulheres Vivas”

O Seminário “Mulheres Vivas” vai receber três pesquisadoras para uma roda de conversa sobre o feminicídio no Brasil. Abrindo o debate, a psicanalista e assessora da Superintendência de Políticas Públicas para Mulheres de Contagem (MG), Dalila Reis, deve apresentar uma leitura histórica e atual das relações de gênero no país que indique por que as mulheres ainda são vítimas de feminicídio em pleno século XXI. Especialista em Direito Civil e em Direito Penal, a delegada da Polícia Civil Larissa Marçal vai abordar a evolução do direito no Brasil até a tipificação do feminicídio em 2015. Já a psicóloga Larissa Borges, que atuou na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e na Secretaria Nacional de Juventude, vai discutir as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher.

A vereadora Nely Aquino destaca que o evento acontece nos dias 7 e 8 de março para marcar o Dia Internacional da Mulher como um dia de luta diante do grande extermínio de mulheres que ainda acontece diariamente no país. O debate será realizado no Plenário Amynthas de Barros, das 8h30 às 12h30. O público poderá visitar também uma feira de economia solidária montada na Praça da Portaria 2, composta integralmente por mulheres, e participar de atividades de integração, como a Oficina de Teatro "Corpo e Movimento", no Plenário JK.

Confira a programação completa.

Superintendência de Comunicação Institucional