Vereadores repudiam ataques do prefeito à presidente e exigem pedido de desculpas

A fala “desrespeitosa, arrogante e machista” do prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), dirigida à presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Nely Aquino (Pode), gerou indignação de vereadores. Na reunião do Plenário desta sexta (4/3), o 1º secretário da Mesa Diretora, Professor Juliano Lopes (Agir), manifestou em seu nome e de outros 19 parlamentares, total repúdio aos ataques pessoais à chefe do Legislativo proferidos em entrevista coletiva do prefeito sobre o não recebimento, por incorreções técnicas, do projeto de lei que propõe subsídio do Município ao transporte coletivo para reduzir o valor das tarifas. O vereador criticou a ausência de Kalil à audiência judiciária sobre a questão e sua recusa em dialogar com a Câmara, preferindo reunir-se a portas fechadas com os empresários de ônibus. A devolução do projeto para realização de ajustes no texto foi esclarecida pela presidente em entrevista coletiva concedida antes da reunião. Em protesto contra a “violência política” do prefeito, o 1º secretário anunciou que o quórum vai ser derrubado e a pauta obstruída enquanto Kalil não se desculpar pela atitude.

Logo após a abertura da reunião, antes de passar à Ordem do Dia, Professor Juliano Lopes pediu a palavra para expressar repúdio, em nome do Bloco Democracia e Independência, do qual faz parte, do Bloco Independente, do Bloco Todos por BH, da bancada do Partido Progressista (PP) e de outros parlamentares, ao comportamento do prefeito na entrevista coletiva concedida ontem (3/3) à imprensa. O 1º secretário ressaltou que as ofensas dirigidas por Kalil a Nely Aquino ao comentar o não recebimento de projeto enviado à Câmara atinge a todos os vereadores e à instituição como um todo. Segundo ele, em vez de esclarecer a desistência de discutir a iniciativa no Judiciário e abordar os questionamentos do Legislativo, o prefeito preferiu atacar pessoalmente a presidente com adjetivos desrespeitosos. Juliano Lopes reforçou que a devolução da proposição foi motivada por incorreções técnicas apontadas pela consultoria da Casa, e dá ao Executivo a oportunidade de ajustar os pontos questionados, evitando que o texto inteiro seja barrado.

“Não podemos acatar um projeto que dá um cheque em branco para os empresários de ônibus, especialmente depois da liberação de R$ 220 milhões para o setor pela Prefeitura durante a pandemia, que a própria BHTrans entendeu como irregular”, salientou o manifestante, afirmando que Kalil tem mais coragem de atacar Nely do que enfrentar os empresários de ônibus. “Ele devia se inspirar em Nely Aquino, que foi transparente e aberta com a cidade ao revelar que estava tratando de um câncer para deixar claro o motivo de seus afastamentos, em vez de faltar a audiências judiciais e só reunir-se a portas fechadas com os empresários”, criticou. O parlamentar acrescentou que o prefeito tem “verdadeira obsessão” em oferecer subsídios às concessionárias e destina à presidente da Câmara “as formas mais baixas de violência política, se esquivando do debate e do diálogo”.

Após a manifestação de repúdio, Juliano Lopes comunicou que, como forma de protesto, as reuniões do Plenário serão derrubadas, impedindo a apreciação de projetos. “Vamos fazer obstrução até que o próprio prefeito venha a público pedir desculpas pelas ofensas feitas a esta Casa, e especialmente à presidente”, prometeu. Em seguida, ele pediu a verificação do quórum e, diante da insuficiência da marcação de presenças, a reunião foi encerrada e a pauta transferida para a próxima segunda-feira (7/3).

Superintendência de Comunicação Institucional