BARREIRO

Falta de infraestrutura urbana e de equipamentos de lazer foi apontada por moradores

Vários representantes da Prefeitura mostraram abertura para o diálogo e relataram esforços para obtenção de recursos para novos projetos

quarta-feira, 22 Setembro, 2021 - 19:15
Duas telas de computador: em uma delas, cinco pessoas realizam reunião remota, ne outra, homem participante da reunião está em destaque.

Foto: Bernardo Dias/CMBH

As diversas necessidades em relação à urbanização da Região do Barreiro, envolvendo acesso a serviços básicos (energia elétrica, saneamento, asfalto) e também equipamentos de esporte e cultura, foram debatidas em audiência pública da Comissão de Administração Pública, nesta quarta-feira (22/9), a pedido de Iza Lourença (Psol). Falta de energia elétrica e de asfalto e fornecimento intermitente de água, além de entulhos gerados por regularização fundiária foram alguns dos problemas relatados pela comunidade. Parques com áreas significativas, mas sem equipamentos diversos, e campos de futebol sem infraestrutura também foram apontados. Os participantes cobraram a intensificação do diálogo com a Prefeitura, que relatou esforços para obtenção de recursos destinados a investimentos em mobilidade, urbanização, habitação e cultura na região. A vereadora se comprometeu a encaminhar as demandas ao Executivo e propôs a criação de um Grupo de Trabalho para consolidar e sugerir soluções para as reivindicações da região. 

Urbanização

Moradores de diversos locais do Barreiro, como as vilas Cemig e da Penha, Alto das Antenas e Ocupação Irmã Dorothy, reclamaram da distância de equipamentos como escolas, falta de asfalto, iluminação, do serviço dos Correios, de saneamento e de água. Simone Maria da Penha de Oliveira reclamou do entulho acumulado com a desapropriação de algumas casas durante a implementação do programa Vila Viva, além da presença de rachaduras nos prédios dos conjuntos habitacionais doados pela Prefeitura. E pediu escuta dos órgãos do Executivo, afirmando a necessidade de "dignidade de poder ir e vir com segurança e qualidade de vida". A moradora do Alto das Antenas Dessiane Cristina do Santos Pereira solicitou a melhoria do muro da Cemig, que está instável. Iza Lourença exibiu um vídeo em que moradores do Barreiro reivindicavam creches, melhorias no transporte urbano e a implementação de aparelhos culturais. 

A chefe de Captação de Recursos da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), Junia Naves, disse que a capital mineira tem cerca de 400 assentamentos e que as intervenções fundiárias mais robustas precisam de recursos do governo federal. Naves disse que irá acionar a coordenação do Vila Viva para a solução dos problemas apontados. Ela também contou que a Urbel está em negociação com a Caixa Econômica Federal para obter recursos para implementar mais políticas na região e que quase todas as ocupações do Barreiro são reconhecidas como área de interesse social, o que é um passo importante. E concluiu que equipes da Urbel estão trabalhando para evitar surpresas na época de chuvas. 

Gisella Cardoso Lobato, integrante da Diretoria de Gestão de Políticas Urbanas da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, disse que a Prefeitura tem pleiteado, desde 2017, uma operação de crédito junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) para realizar um programa de mobilidade urbana no Jatobá e em vários bairros do Barreiro, incluindo as comunidades Irmã Dorothy, Hortas I e II e Camilo Silva, e que aguarda autorização do governo federal. Lobato salientou que serão realizados planos integrados com escuta muito robusta e construção conjunta com a população. E explicou que questões emergenciais como as concernentes à Cemig e Copasa podem ser viabilizadas independentemente. 

Esporte e Lazer

A falta de locais para feiras livres e práticas esportivas ou o estado precário de campos de futebol foram algumas das solicitações feitas. Ana Clara Ribeiro, moradora do Teixeira Dias, solicitou melhorias como implementação de coreto, brinquedos infantis, projeto de irrigação, instalação de banheiros públicos e trilhas agroecológicas no Parque Ecológico Alfredo Sabetta, que tem 53 mil m² e fica próximo à PUC Minas. Ela também salientou a necessidade de educar os moradores, que vandalizam o local. O morador do Conjunto Esperança e articulador do Campão pediu melhorias para a quadra do Projeto do Bem, em que treina crianças para o futebol. 

Ricardo Monteiro, gerente de Promoção e Apoio ao Futebol da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, disse poder buscar a melhoria dos equipamentos esportivos do parque e apresentou a Copa Centenário, torneio municipal de futebol com diversas faixas etárias e se prontificando a conversar posteriormente. O representante da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Zaner de Araujo Abreu, disse que pode fazer interlocução junto à Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) para solicitar melhorias nas quadras. Abreu explicou que a secretaria mantém duas quadras de futebol da região e gasta metade do orçamento com manutenção de equipamentos, não tendo muitos recursos a mais para investir. 

Cultura

Representantes do setor cultural apontaram problemas como falta de equipamentos e continuidade dos projetos, além da dificuldade de acesso dos diversos grupos ao fomento cultural devido à burocracia. E defenderam a necessidade de profissionalização de pessoas no setor, apontando a importância da cultura e da educação para a região, principalmente em tempos de pandemia. Dulcineia do Carmo, diretora do Instituto Macunaíma, afirmou ter diminuído o número de famílias atendidas pelo seu projeto cultural e assistencial em razão da pandemia. Leandro Gabriel, escultor e gestor do Viaduto das Artes, comentou as dificuldades de implementação do projeto, hoje referência nacional, e da falta de continuidade do diálogo com a Prefeitura. Representantes do Instituto Alforriado Matias falaram dos desafios de intercâmbio cultural entre a região e a capital mineira, valorizando a cultura de origem africana. 

O secretário municipal adjunto de Cultura, Gabriel Portela, disse que a secretaria está ciente das desigualdades de acesso aos fomentos culturais de gênero, região e etnias e tem se empenhado em diminuir a burocracia, mas que necessita de suporte nas esferas estadual e federal para avançar mais. Ele citou o avanço da aprovação de projetos de origem no Barreiro em editais como o Descentra, que subiu de 3% para 15% desde 2017. Portela se colocou à disposição para o diálogo e disse que o fim dos fomentos federais e estaduais fez com que os projetos inscritos no município subissem de 700 para 1300, o que suscitou a busca de ampliação dos fundos. "A Secretaria Municipal de Cultura tem o papel de criar condições para que a sociedade civil possa fazer cultura", disse.  

A diretora de Promoção dos Direitos Culturais da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof, ressaltou a importância dos 17 centros culturais da cidade e anunciou a reabertura, em breve, dos centros culturais Lindeia Regina e Bairro das Indústrias, no Barreiro. Bof agradeceu a oportunidade de escuta: "Os encontros nunca se esgotam neles mesmos, só abrem caminhos".  

Professor Juliano Lopes (Agir), Wilsinho da Tabu (PP) e Fernando Luiz (PSD) ressaltaram a importância da região e parabenizaram Iza pela iniciativa. Wanderley Porto (Patri) assinalou que a extinção das regionais trouxe um grande prejuízo para o atendimento ao cidadão, e defendeu a retomada do Orçamento Participativo (OP). Iza Lourença afirmou que o Barreiro é uma região importante e a mais antiga da capital mineira, com 166 anos, e palco de lutas abolicionistas e antirracistas. A vereadora propôs a criação de um Grupo de Trabalho para dar vazão às várias reivindicações que surgiram na audiência, facilitando o trabalho pela região. 

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir desafios da Região do Barreiro envolvendo a política de descentralização e regionalização - 32ª Reunião Ordinária - Comissão de Administração Pública