Queima de pneus em ruas da Capital repercute no Plenário da Câmara
Ação que paralisou o trânsito em diversos pontos de BH integra onda de protestos contra a prisão do ex-presidente Lula
Foto: Karoline Barreto/Câmara de BH
Posicionamentos contra e a favor dos protestos realizados pela manhã em cinco avenidas da cidade marcaram a reunião plenária nesta quarta-feira (11/4). A passividade do poder público diante da queima de pneus que paralisou vias de grande circulação foi questionada por alguns membros do Legislativo Municipal, que alegaram os prejuízos e riscos trazidos à população; vereadores alinhados com o ex-presidente Lula defenderam as ações, que representam, no seu entendimento, legítima reação do povo brasileiro ao “estado de exceção” implantado no país pelas forças conservadoras, e anunciaram a inserção do nome Lula em sua identificação parlamentar.
Apresentando-se ao microfone após Dr. Nilton (Pros) e Irlan Melo (PR), que anunciaram, respectivamente, as respostas do Município sobre o controle de escorpiões na Regional Venda Nova e a recuperação do Córrego Cercadinho, na Região Oeste, Juliano Lopes (PTC) protestou contra veículos de comunicação que estariam culpando os membros do Legislativo pela paralisação do trânsito e os consequentes transtornos causados pela queima de pneus em cinco vias importantes da cidade. O vereador lembrou a existência de legislação federal sobre o tema e criticou a forma de protesto escolhida pelos manifestantes, solicitando a liberação de ao menos uma faixa para a circulação de ambulâncias e veículos em situação de emergência.
Perturbação da ordem
No decorrer dos debates, Fernando Borja (Avante) e Mateus Simões (Novo), que utilizou a tribuna, reforçaram as palavras do colega, condenando a omissão da Polícia Militar e da Guarda Municipal diante da violação do direito de ir e vir da população e a destinação de recursos públicos para a reparação dos danos provocados pela queima de pneus. Os vereadores criticaram a perturbação da ordem pública, o “clima de guerra” e a utilização de “táticas de guerrilha” que vêm ocorrendo no país que, em seu entendimento, visam a apenas à provocação, à “desmoralização das instituições” e à busca da vitimização por uma minoria inconformada com as decisões da justiça, decorrentes dos atos praticados pelo ex-presidente. De acordo com Simões, o prefeito Alexandre Kalil declarou que não irá mais tolerar esse tipo de ação na cidade.
Além de condenar as ações dos manifestantes, Reinaldo Gomes (MDB) defendeu a não interferência do Legislativo nos assuntos do Judiciário e reforçou que a culpa pelos últimos acontecimentos políticos no âmbito federal não pode ser atribuída aos parlamentares municipais, a quem caberia apenas a fiscalização e o acompanhamento dos assuntos da cidade.
Perseguição política e legitimidade dos protestos
Acusando a politização das decisões do judiciário e a perseguição ostensiva a Lula e ao PT, Arnaldo Lula Godoy (PT) e Pedro Lula Patrus (PT) defenderam a legitimidade dos protestos que vêm ocorrendo em todo o Brasil e também no exterior contra as tentativas de criminalização das forças populares e o retrocesso nas conquistas sociais promovidas pelo ex-presidente. Os parlamentares mencionaram as reações desfavoráveis da imprensa e de diversos órgãos e entidades europeias e norte-americanas à condenação do chefe do partido, resultante de manobras institucionais, e apontaram a continuidade do “golpe jurídico-midiático” iniciado com o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
Na mesma perspectiva, o vereador Gilson Reis (PCdoB), que também anunciou a inserção do nome “Lula” em sua identificação a partir desta data, solicitou aos membros da Casa e à população que abram os olhos para a ascensão do “fascismo” e a desmoralização das instituições que estariam por trás do golpe de estado e da instalação de um “regime de exceção”, cuja repercussão poderá trazer prejuízos às relações internacionais e ao desenvolvimento do país. Os parlamentares da esquerda condenaram as agressões e assassinatos perpetrados pelas forças conservadoras e alertaram que “o povo não irá se calar”, lutando “com as armas que tem” contra as ameaças que vêm ocorrendo à democracia.
Em contraponto, lembrando os atos de agressão e vandalismo praticados contra jornalistas e integrantes do judiciário, após a rejeição do habeas corpus para Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Gabriel (PHS) cobrou mais “coerência” da esquerda, que estaria se omitindo em relação aos atos de violência praticados por seus apoiadores.
Foco na cidade
Mateus Simões e Doorgal Andrada (PEN) lembraram aos presentes a necessidade de voltarem suas atenções para os assuntos da cidade e os diversos projetos de lei que aguardam a apreciação dos vereadores, a exemplo da revisão do Plano Diretor, conclamando os colegas a unirem seus esforços em torno dessas questões. Devido à redução do quórum, as votações foram transferidas para a próxima reunião.
Superintendência de Comunicação Institucional
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