População cobra mais participação na gestão do patrimônio ambiental
Ambientalistas vão compor comissão para implantação do Sistema Municipal de Áreas Protegidas
Ambientalistas vão compor comissão de estudos para implantação do Sistema Municipal de Áreas Protegidas - Foto: Mila Milowski
Diante da crise hídrica que impacta o país, a necessidade de preservação das áreas permeáveis no espaço urbano tem tido cada vez mais espaço na pauta de debates públicos. Ligado ao tema, o Projeto de Lei 1505/15, de autoria do Executivo, que tramita na Câmara Municipal, tem provocado alguns questionamentos entre os ambientalistas. O texto propõe a criação do Sistema Municipal de Áreas Protegidas em Belo Horizonte, estabelecendo diretrizes para a gestão de parques públicos e outros espaços verdes protegidos pelo Município. Em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, realizada na tarde desta quinta-feira (13/8), representantes da sociedade civil questionaram a falta de diálogo da prefeitura com a população antes da elaboração do projeto e a necessidade de se pensar também a proteção de áreas verdes em terrenos particulares.
Co-autor do requerimento para a audiência, junto ao vereador Pedro Patrus (PT), o vereador Adriano Ventura (PT) destacou o mérito da proposta que visa à preservação das áreas verdes da cidade, no entanto, defendeu que a medida seja mais ousada e que imponha normas mais rígidas contra o desmatamento.
Sistema de Áreas Protegidas
Tramitando já em 2º turno, o PL 1505/15 institui o Sistema Municipal de Áreas Protegidas de Belo Horizonte (SMAP-BH), tendo como escopo identificar, classificar e preservar as áreas verdes protegidas do Município, buscando uma melhor gestão do patrimônio ambiental por elas constituído. Representante da prefeitura, a gerente de Gestão Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Márcia Vital, explicou que a intenção do projeto “é meramente aprimorar a gestão de áreas verdes no município. O sistema facilitaria a gestão a partir da normatização de alguns procedimentos”, completou.
Além de parques, praças, jardins e outros espaços de uso público, monumentos naturais e reservas biológicas, a medida também se aplicaria a áreas privadas denominadas Reservas Particulares Ecológicas, instituídas na Lei Municipal 6.314/93. O texto prevê o incentivo à proteção, manutenção e recuperação das áreas verdes protegidas já existentes e a criação de novas, viabilizando a formação de corredores ecológicos urbanos; instituição de novas Reservas Particulares Ecológicas; e a celebração de parcerias com a sociedade para a manutenção de áreas verdes protegidas públicas já existentes.
Propostas parlamentares
Autores da emenda Substitutivo nº 3 ao projeto, Ventura e Patrus propõem uma maior abrangência na definição dos elementos que comporão o sistema de áreas protegidas, incluindo textualmente os cursos e corpos d'água, bem como os espaços inseridos na malha urbana, que se apresentam como áreas de manutenção de processos ecológicos, amenização climática, lazer, turismo, circulação e proteção do patrimônio cultural do município. O novo texto também acrescenta diretrizes e objetivos ao SMAP-BH e inclui disposições sobre sua implantação e gestão.
Participação popular
Lideranças comunitárias dos Bairros Planalto e Jardim América destacaram os conflitos locais entre moradores, ambientalistas e especuladores imobiliários, que buscam construir grandes empreendimentos nas últimas áreas verdes das regiões. Em defesa da Mata do Planalto e da criação do Parque Ecológico do Jardim América, participantes cobraram que o projeto estabeleça os terrenos a serem preservados e inclua essas áreas particulares. Em atenção aos proprietários, que questionam possíveis prejuízos, a urbanista Maria Del Mar Ferrer alertou que “a preservação desses espaços não afronta o direito à propriedade. Existem instrumentos no Estatuto da Cidade, como a Transferência do Direito de Construir (TDC), que permitem a venda do potencial construtivo”, garantindo o capital ao proprietário do imóvel preservado.
Ambientalistas questionaram ainda a previsão estabelecida no projeto da criação de comissões populares de caráter consultivo para acompanhamento da gestão das áreas verdes. Para a comunidade, é essencial a atuação deliberativa da população no manejo dessas áreas.
Foi encaminhada a criação de um grupo de trabalho para estudar o PL 1505/15, composto por representantes de diferentes movimentos em defesa do meio ambiente, moradores das regiões impactadas, especialistas, parlamentares e representantes da prefeitura. A primeira reunião está prevista para o dia 8/10, às 19h, na Câmara Municipal. Como resultado da audiência, foi encaminhada recomendação dos vereadores ao Executivo para que o projeto não seja apreciado pelo Plenário antes da conclusão dos estudos pelo grupo formado.
Veja o vídeo completo da reunião.
Superintendência de Comunicação Institucional