SOS SAÚDE

Hospital Mário Penna tem funcionado no vermelho e pode fechar leitos

Em nova visita técnica, vereadores verificaram a debilidade do bloco cirúrgico e vão cobrar investimentos da prefeitura

sexta-feira, 19 Maio, 2017 - 14:15
Vereadores Helio da Farmácia e Catatau da Itatiaia visitam Hospital Mario Penna. Foto: Abraão Bruck/ Câmara de BH

Foto: Abraão Bruck/ CMBH

Centro de saúde especializado em atender pacientes oncológicos (câncer), o Hospital Mário Penna é integralmente dedicado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, por falta de recursos, corre o risco de reduzir sua capacidade de atendimento. Com apenas dois aparelhos de vídeo para monitoramento das cirurgias e poucos kits de instrumentos, os médicos e enfermeiros da unidade denunciaram a insuficiência e o risco de obsolescência dos equipamentos que podem inviabilizar o funcionamento. A situação foi verificada pela Comissão de Saúde e Saneamento em visita técnica à unidade no Bairro Santa Efigênia na manhã desta sexta-feira (19/5).

Planilhas e documentos apresentados pela gestão do hospital mostraram que a entidade opera regularmente no vermelho. No total, o Instituto Mário Penna, que envolve o hospital do Santa Efigênia (100% SUS), a unidade do Luxemburgo (60% SUS) e a casa de apoio, que recebe os pacientes do interior do estado, atua com um déficit mensal de mais de R$ 1 milhão. A receita total é de aproximadamente R$ 12 milhões, mas as despesas chegam a R$ 13,5 milhões.

Estrutura e financiamento

Gerente médico do Hospital Mário Penna, Cássio Andrade explicou que a entidade recebe repasses regulares da prefeitura, seguindo os valores previstos em uma tabela de procedimentos e variando de acordo com a quantidade de cirurgias ou tratamentos realizados naquele período. No entanto, o gestor afirmou que a tabela é deficitária. “Os valores previstos não cobrem os procedimentos. A tabela está defasada há 16 anos”, alertou Andrade, pontuando que os custos das cirurgias envolvem a internação dos pacientes, quatro refeições diárias e outras despesas que aumentam anualmente.

Visita técnica ao Hospital Mario Penna. Vídeos cirúrgicos. Foto: Abraão Bruck/ Câmara de BHPara sustentar as atividades, o hospital tem contado com esparsas doações de particulares e a mobilização dos próprios funcionários para realização de bazares e aquisição de materiais de consumo, como papel higiênico e guardanapos. Atualmente, os 58 leitos estão em funcionamento, mas a defasagem permanente pode ocasionar a redução do atendimento, conforme alertou Cássio Andrade.

A unidade conta com apenas dois monitores cirúrgicos e poucos instrumentos para os procedimentos. Com somente um kit de instrumentos para intervenções de ginecologia e um de urologia, os médicos e enfermeiros têm conseguido executar, no máximo, dois procedimentos de cada especialidade por dia. Os profissionais explicaram que, como o mesmo material precisa ser reutilizado, é necessário todo o processo de limpeza e esterilização, que inutiliza os instrumentos por um longo período.

O risco de obsolescência dos equipamentos de vídeo é também um aspecto que preocupa os profissionais da unidade. Adquiridos há mais de 20 anos, os vídeos estão todos em uso, mas podem parar a qualquer momento, conforme informado pela equipe.

Visita técnica ao Hospital Mario Penna. Instrumentos cirúrgicos. Foto: Abraão Bruck/ Câmara de BH“O Hospital Mário Penna está doente. Está no CTI, está em estado crítico, mas tem cura. E ela deve vir dos órgãos públicos competentes”, alertou o vereador Catatau da Itatiaia (PSDC), autor do requerimento para a visita. “Os aparelhos estão ultrapassados, podem estragar a qualquer momento, mas a saúde não espera. E o nosso objetivo é salvar vidas”, resumiu o parlamentar, destacando a necessidade de se buscar soluções financeiras para equilibrar as contas do hospital.

Encaminhamentos

Catatau afirmou que vai solicitar uma agenda com o prefeito Alexandre Kalil para apresentar o problema pessoalmente. A intenção é solicitar a destinação de, pelo menos, R$ 300 mil que possam ser utilizados para adquirir um novo aparelho de vídeo.

“O que cabe a nós (vereadores) é cobrar do Executivo. Precisamos mostrar que o Hospital Mário Penna está vivo, mas respirando por aparelhos”, alertou o vereador Hélio da Farmácia (PHS), lamentando a precariedade da situação em que se encontra a unidade.

Superintendência de Comunicação Institucional

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