PARTICIPAÇÃO POPULAR

Vereadores ouvem reivindicações de moradores do Bairro das Indústrias

Demandas trataram de diversos temas, como saúde, moradia, transporte, educação, saneamento, cultura e obras públicas

quinta-feira, 27 Abril, 2017 - 19:45
Centro Cultural Bairro das Indústrias

Foto: PBH

Os moradores do Bairro das Indústrias e região apresentaram suas demandas aos vereadores, na quarta-feira (26/04), durante audiência pública externa da Comissão de Participação Popular realizada no centro cultural local. Os cidadãos levaram aos parlamentares solicitações de medidas em áreas como moradia, saneamento, cultura, transporte, educação, saúde, segurança e esporte. Os representantes do povo na Câmara Municipal se comprometeram a viabilizar ações que atendam às reivindicações populares.

Moradores de ocupações localizadas na Região do Barreiro apresentaram uma série de demandas aos parlamentares. Integrantes da Ocupação Paulo Freire pediram que sejam tomadas medidas para sanar os problemas decorrentes da queda de um muro que destruiu habitações no local. Pessoas que tiveram suas casas atingidas estão vivendo em barracos de madeirite e de lona, à espera de providência da empresa privada que construiu o muro e do poder público. Outras reivindicações dizem respeito à falta de saneamento básico, precariedade na coleta de lixo, superlotação e falta de médicos no centro de saúde da região, inexistência de pavimentação das ruas e falta de vagas em creches. Na Ocupação Nelson Mandela, segundo relato de uma moradora, pessoas dormem até cinco dias na porta da creche municipal para tentar conseguir vagas para seus filhos. Poliana de Souza, moradora da Ocupação Eliana Silva, explicou que as ocupações da região do Barreiro sofrem com problemas semelhantes. "A realidade de quem mora nas ocupações não é fácil, é cruel”, desabafou Poliana, explicando que “ninguém mora embaixo de lona ou em barraco de madeirite porque quer, mas porque precisa”.

A vereadora Cida Falabella (Psol), requerente da audiência pública e representante do Legislativo no Conselho Municipal de Educação, afirmou que pedirá assento na Câmara Técnica de Educação Infantil para lutar por vagas de qualidade para as crianças. Ela salientou que quem mora nas ocupações precisa ter seus direitos respeitados, assim como os demais moradores da cidade. A parlamentar também exaltou como aspecto positivo o processo de mudança cultural pelo qual passa a sociedade, que tem usado o termo ocupação no lugar de invasão para caracterizar a mobilização daqueles que lutam pelo direito à moradia. Cida salientou que é necessário que a população entenda as motivações daqueles que moram em ocupações, citando a especulação imobiliária, fenômeno que impacta no aumento do preço do solo, em valores muito superiores ao da renda da população, obrigando os trabalhadores a se deslocarem para regiões periféricas e desprovidas de serviços básicos. Ela anunciou que será realizada visita técnica às ocupações do Barreiro.

Obras, transporte e sistema viário

A ampliação da unidade básica de saúde do Bairro das Indústrias foi outra das reivindicações dos moradores. A obra foi aprovada no Orçamento Participativo, mas, até hoje, não foi executada.

Olívia de Fátima Gontijo, moradora da região, demandou a melhora no transporte coletivo. De acordo com ela, diversas linhas de ônibus que passam pelo bairro descumprem os horários e precisam ter seu trajeto reformulado para atender bem aos usuários do transporte público coletivo. Ela solicitou mudanças nas linhas 7950, 1145 e 341. Os parlamentares se comprometeram a encaminhar indicações à BHTrans solicitando alterações nos trajetos e nos horários das linhas de ônibus, de modo a atender às necessidades dos moradores.

O vereador Pedrão do Depósito (PPS), que é morador do Bairro das Indústrias, listou uma série de obras há tempos demandadas pelos moradores da região, mas que não foram executadas. Entre elas, a construção de uma pista de caminhada, a instalação de uma passarela de ligação entre o Bairro Adalberto Pinheiro e o Bairro das Indústrias e o saneamento e asfaltamento das vias Osvaldo Pereira dos Santos e José Jacinto Agapito.

O vereador Juliano Lopes (PTC) informou que o dinheiro de um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento à Prefeitura de Belo Horizonte, no valor de 460 milhões de euros, aprovado em 2013 para a realização de todas as obras atrasadas do Orçamento Participativo (OP), começará a chegar à PBH em junho deste ano. De acordo com ele, a partir de então, todas as obras do OP, em Belo Horizonte, serão executadas, o que atenderá a diversas demandas dos moradores da região, como, por exemplo, a construção da referida passarela e a ampliação do centro de saúde.

A vereadora Áurea Carolina (Psol) falou da necessidade de se verificar os termos deste empréstimo, como taxas de juros, encargos e demais condições de financiamento. A parlamentar entende que é necessário analisar se a obtenção do empréstimo é positiva para a cidade e se ela se configura como a melhor solução para a viabilização das obras públicas.

Participação Popular

A requerente da audiência, Cida Falabela, afirmou que as demandas apresentadas pela população serão encaminhadas pelos parlamentares à prefeitura. A vereadora explicou que, por não ter uma temática fechada, a Comissão de Participação Popular pode discutir as mais diversas solicitações, como ocorreu no Bairro das Indústrias. De acordo com ela, audiências semelhantes irão ocorrer em outros bairros e regiões da cidade.

O vereador Irlan Melo (PR) também se comprometeu a ouvir as ideias da população por meio da Comissão de Participação Popular, levá-las ao Legislativo e, a partir de então, viabilizar soluções para os problemas relatados.

Áurea Carolina, presidente da Comissão de Participação Popular, apresentou o colegiado como um espaço de escuta de quem vive na pele a desigualdade social. De acordo com a parlamentar, uma das funções da comissão é atuar como uma arena de debates com a população, a partir da qual os parlamentares tomarão as providências necessárias para atender às reivindicações. Em relação às ocupações, ela salientou que os seus moradores merecem a cidadania plena e defendeu, ainda, o fim dos despejos movidos pelo poder público.

Superintendência de Comunicação Institucional