SAÚDE E SANEAMENTO

Audiência pública na Câmara Municipal discute fraude no leite

Audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento A Comissão de Saúde e Saneamento realizou hoje, 6 de dezembro, na Câmara Municipal, audiência pública para discutir a adulteração do leite e as conseqüências para a população de Belo Horizonte, a pedido do vereador Divino Pereira (PMN).

quarta-feira, 5 Dezembro, 2007 - 22:00
Audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento A Comissão de Saúde e Saneamento realizou hoje, 6 de dezembro, na Câmara Municipal, audiência pública para discutir a adulteração do leite e as conseqüências para a população de Belo Horizonte, a pedido do vereador Divino Pereira (PMN).

Compareceram à reunião, no plenário Helvécio Arantes, representantes da Indústria de Laticínios, do Serviço de Inspeção de Produtos Agropecuários (SIPAG), do Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde, do Movimento das Donas de Casa e Consumidoras de Minas Gerais, entre outros. 

Além da fraude no leite, também foram debatidos outros temas, como a fragilidade da fiscalização de produtos alimentícios no Brasil, a morosidade da punição, além de abrir espaço para que as empresas “idôneas” pudessem se defender.

“É preciso mobilizar toda a sociedade, na busca de uma solução para o problema. Vereadores, consumidores, indústria de laticínios, cooperativas, todos devemos nos unir em defesa do produto mineiro”, afirmou Divino Pereira.

A microbiologista Elaine Cristina Machado, professora da UNI-BH, cobrou a divulgação dos resultados dos laudos periciais. “Qual a razão de se adicionar soda cáustica e peróxido de hidrogênio (água oxigenada) ao leite, com o objetivo de aumentar a vida útil do produto UHT, se ele já é pasteurizado?”.

A professora lembrou que a adição de água ao leite é uma prática antiga nos meios rurais, por causa da determinação de algumas cooperativas, que só aceitam o leite se o produtor cumprir a cota estabelecida.

Ela também ressaltou que a fraude registrada nas cidades mineiras de Passos e Uberaba, em 16 de agosto deste ano, pode ter sido feita por pessoas interessadas em desqualificar o produto mineiro.

Direito de resposta

A coordenadora do Movimento das Donas de Casa e Consumidoras de Minas Gerais, Maria do Céu, disse que após a denúncia de fraude no leite, nos dois pólos produtores mineiros, o consumo do produto UHT – em caixas tetra pack -, caiu cerca de 40%. “Em compensação, a venda de leite em pó aumentou, e com isso o bolso do consumidor foi novamente prejudicado”, alertou. 

Maria do Céu pediu às indústrias de laticínios e ao governo do Estado que usem o direito de resposta junto à imprensa, para divulgar resultados das análises e esclarecer o consumidor sobre a qualidade do leite mineiro.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais, Celso Costa Moreira, o Estado produz cerca de 8 bilhões de litros de leite por ano, sendo um bilhão de leite longa vida ou UHT. São 57 estabelecimentos exportadores de queijo e leite, principalmente para a União Européia.

“Mas por causa da celeuma criada com a denúncia de fraude, o momento não é o mais oportuno para uma a realização de uma campanha de esclarecimento”, ponderou Celso Moreira.

No entanto, ele acredita que o problema é pontual e defendeu a fiscalização e a punição rigorosas dos fraudadores. “É uma questão de segurança para o consumidor e o produtor, já que os países que compram nosso leite reconhecem que o produto é de alta qualidade,” afirmou.

O chefe do Serviço de Inspeção Agropecuária do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Demerval Silva Neto, lembrou que o serviço é o mais antigo do País, em funcionamento há 93 anos. “Mas reconheço que, atualmente, a fiscalização não consegue deter à ganância daqueles que fraudam os produtos, mas a inspeção sempre foi feita”.

Demerval Silva também acredita que houve uma possível “manobra” para derrubar o preço do leite. “A denúncia de fraude aconteceu no período em que os produtores conseguem uma remuneração mais justa para o produto”, lembrou.

A Gerente da Vigilância Sanitária Municipal, Mara Machado, que na audiência representou o Secretário Municipal de Saúde, Helvécio Magalhães, disse que desde 1949 o órgão atua em BH, fiscalizando não só o leite, mas todos os produtos que chegam ao comércio da cidade. “No caso específico do leite, foram analisadas 45 amostras e todas deram resultado negativo”.

Ela ressaltou que a Vigilância Sanitária tem um programa de monitoramento de vários produtos, inclusive do leite, todos com resultados negativos, sem indicação de fraude.  “Gostaria de lembrar que a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte é referência nacional na área.”

Informações no gabinete do vereador Divino Pereira (3555-1155/1156)