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Aprovada moção de repúdio à secretária de Cultura por filme sobre carroceiros

Assunto: 
PLENÁRIO II
Vereadores no Plenário
Foto: Denis Dias/CMBH

Os vereadores da Câmara Municipal aprovaram, nesta segunda-feira (8/9), moção de repúdio destinada à secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, pela destinação de R$ 30,8 mil para a realização do curta-metragem “Luta na Carroça”, contemplado no edital do programa cultural Descentra. O documento é assinado por Wanderley Porto (PRD) e afirma que a peça seria “propaganda ideológica” financiada com recursos públicos. Durante a reunião, vereadores contrários ao texto defenderam que o processo de escolha do projeto teria sido realizado de forma imparcial, e que o filme valorizaria uma comunidade tradicional da cidade.

“Narrativa parcial”

No documento que será enviado à secretária, a Câmara Municipal afirma que o filme “mostra apenas uma versão dos fatos, sendo parcial e ignorando outros pontos de vista, usando recursos públicos para divulgar uma narrativa única”, criticando o que seria o financiamento de “propaganda ideológica”. No Plenário, o autor afirmou que, faltando apenas quatro meses para que a lei que proíbe veículos de tração animal na cidade entre em vigor, os parlamentares foram "surpreendidos com um filme ativista".

"Um filme contrário àquilo que essa Câmara aprovou. Um desrespeito com essa Casa, um desrespeito com a própria Prefeitura, que também havia sancionado a Lei das Carroças", disse Wanderley Porto.

O vereador ainda criticou o nível da produção realizada. "Um filme de 14 minutos, com uma péssima produção, mas não estamos aqui questionando se foi investido de fato os 30.800 reais. Parece que foi feito no celular talvez, um péssimo roteiro”, avaliou. 

Para Osvaldo Lopes (Republicanos), autor da Lei das Carroças, esse dinheiro “teria sido melhor empregado” na transição do trabalho dos carroceiros, para substituição das carroças por veículos de tração motorizada, conforme previsto na norma municipal. De acordo com ele, o curta promoveria “atos de crueldade” praticados pelos carroceiros. “Eles querem romantizar o uso de carroças no nosso município, onde esses cavalos vivem em cima de um trabalho cruel, pesado, injusto”, defendeu.

“Comunidade tradicional”

Normalmente, as moções são enviadas sem passar por votação, mas essa foi levada ao Plenário depois de ter sido impugnada pelo vereador Pedro Patrus (PT). Na impugnação, o parlamentar alegou que as críticas à peça cultural seriam “infundadas”, que o documentário valorizaria uma população “historicamente marginalizada e estigmatizada” e que a comunidade carroceira integra a Comissão Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais.

“O filme que eu vi é um filme muito bem feito”, afirmou Patrus na reunião. Ele ainda disse que o curta abordaria a história da “cultura da carroça” na cidade sem defender a extinção ou permanência da profissão. 

Edital de cultura

Cida Falabella (Psol) afirmou que a moção viria da "falta de conhecimento" sobre como os projetos culturais são aprovados, alegando que a secretária Eliane Parreiras não teria contato com os projetos - isso seria papel de uma comissão formada com objetivo de avaliar as inscrições. Cida ainda ressaltou que os projetos culturais não precisam seguir os projetos de lei aprovados pela Câmara Municipal.

"Vocês sabem quanto custa cinema? Trinta mil reais pra fazer um curta-metragem é dinheiro nenhum. Cinema é caríssimo, envolve centenas de pessoas para gravar um curta-metragem, iluminação, produção, quem cuida do lanche, quem cuida do figurino, da maquiagem, da continuidade, o roteirista, o diretor", completou a vereadora.

O vice-líder de governo, Helton Junior (PSD), manifestou seu apoio à pasta de Cultura. "A conduta da secretária foi validada por todo um processo legal que está previsto na nossa legislação", disse. Helton explicou que a escolha do projeto e concessão do recurso foi feita por meio de uma câmara de fomento, órgão deliberativo composto por membros da administração pública e da sociedade civil, e comentou sobre interferências políticas no Executivo.

Votação simbólica

A votação da moção é simbólica, de acordo com o que é previsto no Regimento Interno da Casa. Geralmente, os presentes são convidados a se manifestarem levantando ou permanecendo sentados. O texto recebeu 11 votos contrários, tendo sido aprovado pela maioria. 

Superintendência de Comunicação Institucional

76ª Reunião Ordinária – Plenária

Data publicação: 
segunda-feira, 8 Setembro, 2025 - 18:30
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