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Falta de conscientização de motoristas e pedestres contribui para acidentes

Assunto: 
SEGURANÇA NO TRÂNSITO
Foto: Cláudio Rabelo/CMBH

O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de sinistros de trânsito. O objetivo é ser uma ação coordenada do poder público com a sociedade civil. Pensando nisso, a Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços reuniu autoridades, especialistas e cidadãos, nesta quinta-feira (15/5), para debater estratégias e políticas públicas voltadas à segurança viária, prevenção de acidentes e educação no trânsito. Fernanda Pereira Altoé (Novo), requerente da audiência, apontou que as pessoas estão cada vez mais agressivas e impacientes no trânsito, e que todos, de motoristas a pedestres, precisam de um “curso de reciclagem” para relembrar as regras e melhorar o comportamento ao dirigir ou interagir com veículos. Mais ações de educação sobre trânsito, desde a infância, e fiscalização mais severa pelos órgãos competentes foram os tópicos mais abordados durante o encontro. A vereadora se comprometeu a destinar parte de suas emendas impositivas ao orçamento para financiar campanhas mais robustas de conscientização.

Educação no trânsito

Uma opinião que foi unanimidade entre os presentes é a necessidade de uma ação maciça de educação sobre responsabilidade no trânsito para conscientizar a população. A Subsecretária Municipal de Operações de Transporte e Trânsito, Jussara Bellavinha, afirmou que existe uma dificuldade de alcançar públicos de interesse com atividades sobre segurança viária, principalmente motociclistas, atualmente as principais vítimas de acidentes. Ela citou o Programa Vida no Trânsito, que tinha como meta reduzir 50% dos óbitos por lesões de trânsito entre 2011 e 2020, e que, segundo a subsecretária, foi bem sucedido em Belo Horizonte, mas os avanços foram perdidos nos últimos anos. A convidada ponderou que o governo tem muitas ações em escolas, mas que falta verba para aprovar uma campanha de grande porte, para todo o município. Fernanda Altoé se comprometeu a destinar parte de suas emendas parlamentares para esse fim e também a possibilidade de rever a Lei de Diretrizes Orçamentárias para incluir o aporte à educação de trânsito.

Gerente de Educação para a Mobilidade da BHTrans, Maria Augusta Gatti de Vasconcellos pontuou todos os programas que a instituição tem sobre conscientização no trânsito. Existem iniciativas para diferentes faixas etárias e que são executadas em escolas para todos os segmentos, Cras e Academias da Cidade. No entanto, a gerente reiterou que motociclistas são um dos grupos mais difíceis de engajar e que as escolas privadas também tendem a oferecer alguma resistência para permitir as ações. Adriano Marquezani, representante da Concessionária By Moto Honda, afirmou que realiza uma palestra por dia para 50 motociclistas sobre condução segura, além de distribuir antenas contra cerol e ministrar outros cursos relacionados. 

“A educação é uma construção; temos que ter os nossos parceiros, que são a sociedade, a mídia, as escolas, todo mundo engajado nessa mudança de cultura”, declarou a gerente da BH Trans.

Questão de saúde pública

Fernanda Altoé citou durante a reunião números que considerou “alarmantes” sobre acidentes de trânsito. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), só nos primeiros três meses de 2025 foram mais de 20 mil acidentes na capital mineira, com 3.915 pessoas feridas e 33 óbitos. O Anel Rodoviário lidera o ranking com maior número de ocorrências. A vereadora acentuou que a segurança no trânsito é também uma questão de saúde pública e que os sinistros contribuem para a sobrecarga do sistema de saúde.

Roger Lage Alves, gerente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Transporte em Saúde (Samu), corroborou o pensamento dizendo que a saúde pública é diariamente afetada pela violência no trânsito e que a capacidade operacional é muito pressionada pela quantidade de acidentes, leves e graves.

A subsecretária Jussara Bellavinha disse se assustar com “o exército de inválidos que o Brasil está criando, maior do que qualquer guerra.” Ela completou dizendo que o acidentado de trânsito é um “fura fila” de cirurgia eletiva, principalmente ortopédica, já que existem pessoas que estão há anos aguardando um procedimento, e alguém que se acidenta gravemente acaba ganhando prioridade pela situação.

“É um impacto enorme no SUS, mas também na Previdência Social, no BPC, porque um tanto de gente vai ficar com lesões permanentes para o resto da vida”, declarou a subsecretária.

Falta fiscalização

Motociclistas presentes denunciaram que cotidianamente presenciam infrações de trânsito que passam impunes. O sentimento é que Belo Horizonte virou “uma terra sem lei”, no que se refere ao tráfego, principalmente, desde que a BHTrans não é mais responsável por multar quem desobedece as regras. O presidente do Moto Clube de Minas Gerais, Tomaz Caetano Alves dos Reis, acredita que as campanhas deveriam assumir um tom mais duro, mostrando, por exemplo, pessoas que ficaram com lesões graves por acidentes, o que já acontece em outros países. O celular foi apontado como o principal “vilão”, tirando atenção de motoristas e pedestres.

“A fiscalização a gente precisa retomar de forma muito enérgica, porque os justos pagam pelos pecadores. É uma minoria irresponsável que desrespeita as normas, e a generalização acaba ocorrendo”, concordou Braulio Lara (Novo).

Sistema obsoleto

Problemas de infraestrutura não ficaram de fora dos motivos de sinistros. Afunilamentos de grandes vias, obras que obstruem a passagem, buracos, falta de manutenção, sinalização mal feita foram alguns dos pontos citados. Para Fernanda Altoé a cidade precisa de um estudo geral do sistema viário, já que a capital cresceu, as demandas aumentaram, mas a estrutura da mobilidade urbana não conseguiu acompanhar.

O assessor da presidência da BH Trans, Leandro Martins Morais, esclareceu que a capital mineira tem uma frota de 2.667.600 veículos, segundo dados do Detran-MG de 2025, para uma população de 2.316.000 pessoas (Censo 2022), ou seja, existem mais veículos do que pessoas em BH. O convidado reforçou que isso reflete o tamanho do desafio da mobilidade urbana e que as construções do Anel Rodoviário e outras vias são muito antigas, e não foram pensadas para o contingente atual.

Fernanda Altoé encerrou a audiência se comprometendo a dar continuidade na discussão, e se colocando à disposição para mais reuniões com a BH Trans para planejar melhor a comunicação de campanhas de conscientização sobre o trânsito, além de avaliar a possibilidade de utilizar emendas da saúde pública para subsidiar ações de segurança no trânsito, visto que os assuntos, na prática, se atravessam.

Superintendência de Comunicação Institucional

 discutir sobre a importância do "Maio Amarelo", campanha dedicada à conscientização e à redução de acidentes de trânsito - 13ª Reunião Ordinária - Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços

Data publicação: 
quinta-feira, 15 Maio, 2025 - 19:30
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