CMBH inicia conversas para criação da Frente Parlamentar da Moda

Desburocratizar, melhorar o ambiente de negócios e fomentar um setor que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano em Belo Horizonte. Esse é o objetivo da Frente Parlamentar da Moda, que deve ser lançada pela Câmara Municipal nos próximos meses. Audiência pública para debater a criação do grupo foi realizada na manhã desta quinta-feira (21/8) pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços. Solicitado por Bruno Miranda (PDT) e Helton Junior (PSD), respectivamente líder e vice-líder do governo, o encontro reuniu representantes de movimentos e coletivos do setor e de entidades e associações de lojistas, como a Frente Mineira da Moda, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), a Federação do Comércio, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio), o Sebrae, entre outras. Escolas e coletivos cobraram diálogo e abertura do mercado para novos produtos e profissionais que estão deixando a academia; já as entidades reforçaram os números importantes do setor e desejaram que a frente parlamentar seja uma "ponte de interlocução" entre os diferentes eixos da cadeia produtiva da moda na capital.
Desburocratizar e fomentar
Bruno Miranda destacou a importância da moda na identidade e economia da cidade. O parlamentar contou sua vivência próxima ao comércio da cidade, e da "força do setor da moda", com sua infância vivida próxima do pai, comerciante de bijuterias na Rua Tupinambás, Centro de BH; e mais tarde, como secretário de Desenvolvimento. “Nosso objetivo é entender onde a Câmara pode atuar para desburocratizar, melhorar o ambiente de negócios e fomentar o setor”, afirmou.
Geradora de renda e pertencimento
Vice-líder do governo, Helton Júnior ressaltou o papel da moda como geradora de renda e "pertencimento", sobretudo para os jovens. “BH já é reconhecida como capital da moda, mas queremos novos avanços com capilaridade e intersetorialidade das políticas públicas”, pontuou.
Outros vereadores reforçaram a importância da frente parlamentar, que deve contribuir para o setor. Braulio Lara (Novo) disse que é importante aproveitar o "ambiente 'de sim' na cidade" para efetivar políticas públicas que possam, por exemplo, recuperar polos tradicionais da moda, como o Barro Preto e o Prado. Já Pablo Almeida (PL) lembrou que o setor movimenta cerca de R$ 1bilhão por ano apenas em BH; e que a Frente, como os demais parlamentares da casa, irá atuar para apoiar e "facilitar a vida" de quem gera emprego na cidade.
Diversidade
Giovanna Penido, coordenadora da Frente Mineira da Moda, defendeu um plano estruturado de políticas públicas, e mostrou confiança na criação da frente parlamentar. “A moda de BH não pode se limitar a sobreviver. Deve se posicionar, inovar e manter viva sua identidade cultural. Somente ao lado desta Casa poderemos traçar políticas efetivas e duradouras”, declarou. A diversidade do setor foi representada por Makota Kizandembu, da Associação Nacional da Moda Afrobrasileira. A presidente da entidade alertou para a falta de inserção da moda afro na indústria têxtil local, o que gera perda de oportunidades econômicas.
“Temos mais de mil terreiros em BH e muitos insumos são comprados fora da cidade. Precisamos de capacitação, visibilidade e incentivo para produção sustentável”, afirmou Makota.
"Moda não é só negócio"
Professores e ex-professores de instituições de ensino como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Fumec e do Centro Universitário Una ressaltaram a necessidade de aproximar o ensino do mercado, e valorizar a moda como identidade cultural. “É muito aluno para pouca oportunidade, e isso desestimula. Precisamos que o mercado esteja aberto aos produtos e produtores”, ressaltou Letícia. Antônio Fernando reforçou a fala da colega e alertou para o caráter histórico e cultural da moda. “Nas rodas de conversa [eventos como fóruns e seminários] só se discute modelos de negócio. Mas a moda é bem mais que isso. É cultura, é identidade”, afirmou o professor.
Frente pode atuar na convergência
Entidades representativas como a Fecomércio; Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais (Sindiveste MG); Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), associações do Barro Preto e do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos Vestuário e Armarinhos de Belo Horizonte (Sincateva BH) convergiram no pedido de "maior articulação" entre os diversos atores. Para o vice-presidente da CDL/BH, Fausto Isac, a Frente Parlamentar será “essencial para canalizar ações construídas a várias mãos”.
A secretária municipal de Cultura, Eliana Parreiras, lembrou que a capital abriga o único Museu da Moda do país, e reconheceu o desafio de "materializar políticas públicas" para o setor. A gestora considerou que a criação da frente parlamentar vem num "momento oportuno", quando a cidade terá em curso mecanismos de participação importantes, como a Conferência Municipal de Cultura e o Plano Municipal de Cultura.
Ao encerrar a audiência, Bruno Miranda agradeceu a participação das entidades e especialistas e resumiu o espírito do encontro: “acredito que conseguimos fazer as 'sinapses' para iniciar o trabalho dessa frente na cidade”, afirmou.
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