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Suplementares reclamam de diminuição de valores recebidos por km rodado

Assunto: 
CONTRATOS DE ÔNIBUS
Vereadores e convidados no Plenário Helvécio Arantes
Foto: Dara Ribeiro/CMBH

Nesta terça-feira (24/6), dia em que a paralisação de motoristas prejudicou a circulação de ônibus em BH, representantes de usuários e de trabalhadores do transporte coletivo da capital mineira não compareceram à audiência pública marcada pela Comissão Especial de Estudo dos Contratos de Ônibus. Apenas o Sindicato dos Permissionários Autônomos do Transporte Suplementar de Passageiros (Sindipautras) atendeu ao convite do colegiado, feito a pedido de Fernanda Pereira Altoé (Novo), Pedro Rousseff (PT), Helton Junior (PSD) e Rudson Paixão (Solidariedade). O objetivo do encontro foi reunir informações para a realização de um diagnóstico do serviço prestado atualmente na cidade, mas os parlamentares receberam apenas uma análise dos problemas enfrentados pelos “amarelinhos”. De acordo com a categoria, o valor pago pela Prefeitura de Belo Horizonte por quilômetro rodado vem caindo ano a ano, assim como o subsídio ao segmento, enquanto o sistema convencional recebe cada vez mais.

Com a greve, mais de 20 linhas foram paralisadas, total ou parcialmente. Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o pagamento de FGTS atrasado, a redução da jornada de trabalho e o cancelamento de multas consideradas indevidas. 

“É uma pena que não estejamos com o plenário lotado, já que seria uma oportunidade para todos os funcionários do sistema de transporte público coletivo falarem sobre as demandas do setor”, afirmou a presidente da comissão, Fernanda Pereira Altoé.

Sistema suplementar

“Suplementar não faz greve!”. Essas foram as primeiras palavras do presidente do Sindipautras, Júlio César Guimarães, assim que foi convidado a se manifestar. Segundo ele, por ser operado pelos próprios donos dos veículos, o sistema não pode parar. “Eu só ganho quando meu ônibus está na rua”, disse. Entre os custos fixos que ele garantiu ter, estão a mensalidade do veículo, de R$ 6.591, além de mais R$ 7 mil gastos entre manutenção e aluguel da garagem. 

O sistema complementar de Belo Horizonte atua em 24 linhas. Das 300 permissões para operação do serviço, apenas 229 ônibus rodam atualmente pela capital, fazendo a ligação entre os bairros, sem passar pelo centro da cidade. 

Ganhos cada vez menores

Júlio César contou que o valor pago pela Prefeitura de Belo Horizonte por quilômetro rodado vem caindo ano a ano. “Em 2024, recebíamos R$ 8,02. Doze meses depois, o valor foi fixado em R$ 7,83. Por acaso temos deflação neste país?”, questionou. Ele disse que os micro-ônibus das empresas concessionárias, com capacidade para o mesmo número de passageiros, recebem um valor muito maior, de R$ 12,08 por quilômetro rodado. Isso porque a tabela da prefeitura é baseada nos custos informados. “Eu, como autônomo, não consigo comprovar todos os gastos que tenho. Sou eu que dirijo o ônibus, que lavo o veículo, que calibro os pneus. Eu pago um valor alto pela minha eficiência”, afirmou. Uma solução seria, em sua opinião, adotar a tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

O presidente do Sindipautras queixou-se também que, enquanto o valor global do subsídio destinado às empresas do sistema convencional cresce a cada ano, o do sistema suplementar cai. De acordo com ele, em 2023, as empresas receberam R$ 512 milhões e o sistema complementar, R$ 20 milhões. Em 2024, esses valores foram de R$ 699 milhões e R$ 17 milhões, respectivamente. Já para este ano, a previsão é de R$ 704 milhões e R$ 14 milhões. “Como isso pode estar certo se a quantidade de quilômetros rodados vem aumentando?”. Para o permissionário, essa seria uma estratégia da administração municipal. 

“Querem nos exterminar e entregar tudo para os empresários do transporte coletivo convencional”, afirmou Júlio César Guimarães. 

Novas audiências

A comissão especial marcou outras duas audiências públicas para as últimas semanas do mês de julho. No dia 22, a pedido de Fernanda Pereira Altoé, empresas concessionárias foram convidadas a debater o contrato de concessão firmado em 2008, com validade de 20 anos, e que chega ao fim em 2028. Já no dia 29 de julho, a ideia é entender quais foram os critérios que guiaram a definição do modelo do atual contrato. Além da presidente, assinam o requerimento Rudson Paixão e Pablo Almeida (PL). Estão na lista de convidados Murilo de Campos Valadares, secretário municipal que firmou o contrato; Marco Antônio de Rezende Teixeira, procurador municipal à época da contratação; e Ricardo Medanha Ladeira, então presidente da BHTrans.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir os atuais contratos de concessão dos serviços públicos de transporte coletivo de passageiros por ônibus nas redes de transportes e serviços, firmados após a realização da Concorrência Pública no 131/2008.

Data publicação: 
terça-feira, 24 Junho, 2025 - 19:00
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Tópicos: 
Comissão Especial de Estudo - contrato de ônibus
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