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Lideranças da região metropolitana de BH se unem pela volta do trem de passageiros

Assunto: 
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Vereadores e convidados no Plenário Helvécio Arantes
Foto: Vinicius Quaresma/CMBH

Autoridades das cidades de Contagem, Betim, Pedro Leopoldo, Vespasiano, Nova Lima, Moeda, Raposos e Ibirité marcaram presença em audiência desta quinta-feira (8/5) da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços para pedir a volta do trem de passageiros na região metropolitana de Belo Horizonte. Vereadores de cidades da Grande BH se pronunciaram a favor da pauta, destacando a necessidade de se unir com esse objetivo em comum para alcançar uma boa articulação com os governos estadual e federal. A demanda ganhou força com a proximidade do fim do contrato de 30 anos da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) com a VLI Multimodal S.A, que vence em 2026. Movimentos sociais defensores da retomada do meio de transporte veem nesse fato uma janela de oportunidade para pautar novamente o tema. Representante da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF), Henrique Oliveira Mendes disse que existe um plano para iniciar um estudo para implantação do trem de passageiros em dois ramais que ligam a RMBH. Até o final de maio ou início de junho deve realizar reuniões com os prefeitos das cidades abrangidas, assim como com o governo estadual, para discutir o interesse no projeto e coletar informações.

Solução para mobilidade urbana

Os requerentes da audiência, Dr. Bruno Pedralva (PT), Helton Junior (PSD) e Luiza Dulci (PT), se revezaram na presidência da reunião. Helton Junior destacou que este é um “momento único em relação à mobilidade da cidade e da região metropolitana”, se referindo ao fim do contrato de concessão ferroviária. O vereador afirmou que se tem a oportunidade de “dar outra cara para a mobilidade urbana de BH”, pontuando que a atual administradora descumpriu vários pontos do contrato, como a obrigatoriedade de fornecer o transporte para passageiros, e que uma grande parte da malha ferroviária sob tutela da VLI não é utilizada e está, portanto, desperdiçada.

Luiza Dulci fez coro ao colega dizendo que o trem de passageiros é uma grande solução não só para Belo Horizonte, mas para todo o estado de Minas Gerais, sendo um meio de transporte econômico e mais sustentável. A parlamentar ressaltou outro ponto sobre o risco de desempregos em massa, já que a atual empresa gestora quer devolver uma parte da malha ferroviária para a União.

Já Bruno Pedralva apontou que o transporte de minérios monopolizou o serviço dos trens, que antes era oferecido também à população. Ele concordou com os aspectos positivos do transporte, dizendo que em cidades que são referência em mobilidade urbana os trens são essenciais para o deslocamento de pessoas da região metropolitana. Gael Silveira, vereador de Pedro Leopoldo, corroborou a fala sobre a importância de tratar a mobilidade urbana de forma integrada, pensando não só em um município. Ele reiterou também a multidimensionalidade do assunto que abarca diferentes áreas de interesse dos cidadãos. 

“Quando a gente fala sobre mobilidade, estamos falando sobre emprego e renda, sobre saúde, sobre saúde mental do trabalhador e do usuário, sobre lazer e sobre educação” declarou Gael.

Viabilidade econômica

Roberto Willians de Santana, do Instituto de Qualidade Ferroviária, maior rede de pesquisa do país voltada para esse tema, disse que essa pauta sempre foi tratada com base nos “players de commodities” de soja, minério e café. Segundo Roberto, uma justificativa muito utilizada é a falta de viabilidade econômica para implantação das linhas na RMBH. Diante disso, o instituto realizou estudos que mostram o quanto o município ganharia em economia de custos, tempo e turismo caso funcionassem as linhas BH-Conselheiro Lafaiete, BH-Divinópolis e BH-Brumadinho. Uma as conclusões é que esses ramais renderiam cerca de R$ 2 bilhões ao ano para Belo Horizonte. Além disso, haveria um aumento significativo no número de empregos.

O professor da Escola de Arquitetura da UFMG Marcelo Maia acentuou que historicamente os municípios se formaram a partir das estações, com a expansão do transporte ferroviário. O professor citou sua pesquisa de doutorado na China, e que uma das coisas que mais o impactou foi a organização do país tendo a ferrovia como eixo estruturador de desenvolvimento. Lá as ferrovias são centrais e contribuíram para a criação de novas cidades, onde as pessoas podem morar e se mover com qualidade.

“A ferrovia é sustentável, ecologicamente amigável,  não causa grandes danos ambientais, e pode favorecer na contenção de rios e criar lugares para assentamentos seguros (ruas e casas). A ferrovia é a veia pulsante da cidade, se a gente mata a ferrovia, matamos a cidade”, refletiu Marcelo Maia.

Impasses ideológicos

Durante a reunião, uma das falas mais presentes foi a necessidade de unir forças, independentemente de posição política, em prol do interesse comum em melhorar a mobilidade urbana. Muitos concordaram que a pauta é de interesse comum de toda a população. No entanto, a jornalista Cláudia Pires, defensora da volta do trem metropolitano, discordou desse entendimento. Ela disse que existem, sim, grupos que não querem a volta do trem e que impedem, por exemplo, a articulação com o governo estadual.

“O mercado imobiliário quer viaduto, quer expansão de alça rodoviária, quer rodoanel, ele não quer trem. É por isso que a gente não consegue conversar com o governador. De um lado, as mineradoras; do outro, o mercado imobiliário. Os dois acham que a expansão tem de ser feita por meio de rodovias”, manifestou-se a jornalista Cláudia Pires.

Para ela, o município está praticando uma “deseconomia”, ignorando dados técnicos sobre o transporte ferroviário por questões ideológicas. Gustavo Gazzinelli, membro do movimento VoltaTrem, também denunciou que Minas Gerais já teve oportunidades desperdiçadas de investir no meio de transporte por divergências políticas entre os líderes dos governos estadual e federal.

Desdobramentos

O prazo limite para duração da reunião foi atingido e o debate prosseguiu informalmente com a manifestação do grupo Movimento pela Volta do Trem na RMBH contra a renovação do contrato de concessão com a VLI. Durante o encontro, foram citadas ações de que devem ser tomadas como desdobramentos do debate. Helton Junior disse que pretende enviar a ata da reunião para o Executivo e pensar em um plano de encontros com a PBH para discutir o assunto. Representantes de Vespasiano, Moeda, Betim e Pedro Leopoldo também disseram que vão seguir com o debate em suas respectivas cidades. Adriana Souza, vereadora que encabeçou a audiência sobre o tema em Contagem, afirmou que em breve deve se reunir com a prefeita Marília Campos para tratar do assunto. 

Superintendência de Comunicação Institucional

´  debater a proposta de retomada do trem de passageiros metropolitano na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Data publicação: 
quinta-feira, 8 Maio, 2025 - 19:45
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