Especialistas cobram políticas públicas eficazes para a população idosa de BH

Os desafios enfrentados pela população idosa em Belo Horizonte foram pauta de audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor na manhã desta terça-feira (19/8). Representantes da sociedade civil apontaram a necessidade de desenvolver políticas públicas eficazes e que atendam a todas as regionais de Belo Horizonte, considerando as particularidades de cada região. Integrantes do Poder Executivo presentes no encontro se mostraram abertos às propostas de centros de convivência intergeracionais e Centros de Referência da Pessoa Idosa em todas as regionais. Requerente do debate, Professora Marli (PP) afirmou estar preocupada com o adoecimento mental dos idosos da capital. A parlamentar chamou atenção para o crescente envelhecimento dessa parcela da população e a necessidade da Prefeitura de BH desenvolver ações para garantir seus direitos. “É importante promover o debate e a participação, para que possamos contribuir para a construção de caminhos capazes de superar os desafios que se colocam”, apontou a vereadora.
Diálogo Intergeracional
Representantes da sociedade civil reafirmaram o desejo de envelhecer com qualidade de vida e cobraram políticas públicas eficientes na garantia do cuidado, da valorização e do bem-estar da pessoa idosa. A presidente do Instituto Educativa, Lilian Neves, destacou a relevância das leis antimanicomiais para o envelhecimento saudável, e afirmou que, atualmente, "existem tratamentos variados" que poderiam proporcionar maior qualidade de vida, tendo a tecnologia como aliada. Lilian apresentou dados de relatório da Fundação João Pinheiro e afirmou que o "diálogo intergeracional" é fundamental.
“Nós não temos que montar grupos só com aquele segmento específico da terceira idade. Nós temos que conseguir desenvolver diálogos com as outras gerações. O relatório de 2025 da Fundação João Pinheiro mostra, na projeção populacional, que daqui a sete anos, o número de jovens no município se equiparará ao número de idosos. E nos próximos 20 anos nós teremos quase o dobro de idosos da população jovem. Isso para nós é um cenário que precisa de intervenção”, declarou Lilian.
Renata Martins Costa, diretora de Políticas para Pessoas Idosas de Belo Horizonte, fez coro às palavras da presidente do Instituto Educativa e afirmou que a integração geracional é essencial para a construção de um "novo olhar" sobre o envelhecimento. “O envelhecimento não é só quando a gente descobre que fez 60 anos, o envelhecimento é um processo. O envelhecimento precisa ser tratado nas escolas, com integração geracional, para que realmente exista um novo olhar para o envelhecimento”, disse Renata.
Plano Municipal de Envelhecimento
A coordenadora do Centro de Referência das Pessoas Idosas (CRPI) Regional Oeste, Maria Fontana, contou que o Plano Municipal de Envelhecimento foi construído com a participação da sociedade civil, dos conselheiros municipais e “principalmente das pessoas idosas”, com escuta em todas as regionais da capital. Segundo ela, o documento apresentra os caminhos adotados pelo município para a questão do envelhecimento, compromisso que é ilustrado pela criação das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e do Centro de Referência da Pessoa Idosa Caiçara (CRPI), localizado no bairro de mesmo nome, que pretende ser um modelo para os demais.
A médica geriatra da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) Carla Jacomini destacou que estudos realizados no município apontam que os moradores da Regional Barreiro têm cerca de 12 anos a menos de expectativa de vida em relação aos da Regional Centro-Sul, e afirmou que é preciso investir também na redução da desigualdade social. Para Carla, o Plano Municipal de Envelhecimento representa um "pontapé inicial".
“É um plano que pretende ser dinâmico, que pretende ser aprimorado, que pretende ser construído a muitas mãos. Nós temos muito a fazer em vários âmbitos. Então quando a gente propõe o Plano Municipal de Envelhecimento, é como uma tentativa de induzir políticas públicas, de induzir parcerias, porque só o poder público não vai conseguir”, disse Carla.
Implantação de programas e ações
Renata Martins destacou duas campanhas realizadas pela prefeitura de Belo Horizonte: o "Junho Violeta", de conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa; e o Outubro Prateado, com foco no envelhecimento saudável. “Para além disso, a prefeitura tem grupos de convivência. Hoje a gente tem 27 grupos de convivência nas nove regionais. Esses grupos são o grande apoio das políticas públicas”, acrescentou Renata.
Carla Jacomini afirmou que “a proposta de centros de convivência intergeracionais é muito bem-vinda” e ressaltou que os CRPIs em todas as regionais é um desejo antigo, que pode começar a ser materializado agora. A médica da SMSA declarou ainda que Belo Horizonte tem buscado ser uma "cidade amiga da pessoa idosa". “Eu acho que a gente está no mesmo caminho, que é o caminho de construir uma cidade mais justa e mais solidária para pessoas de todas as idades. Uma cidade que é boa para a pessoa idosa é uma cidade boa para pessoas de todas as idades”, disse Carla.
Superintendência de Comunicação Institucional