RESGATE NO ARRUDAS

População se arrisca no socorro aos animais e cobra políticas públicas

Ativistas defensores dos direitos dos animais cobraram ações efetivas de proteção e cuidados

terça-feira, 19 Agosto, 2014 - 00:00

Em audiência pública na tarde desta terça-feira (19/8), a Comissão de Saúde e Saneamento recebeu ativistas defensores dos direitos dos animais para cobrar do Executivo ações efetivas de proteção e cuidados. Militantes voluntários têm se arriscado no resgate de cachorros de rua que caem, são jogados ou acessam livremente o Rio Arrudas, denunciando o descaso do Corpo de Bombeiros Militar (MG) no atendimento aos chamados. A entidade esclareceu que faltam equipes e equipamentos para esse tipo de demanda. Foi encaminhada a formação de uma comissão mista para debater o tema em reunião específica junto ao Comando do Corpo de Bombeiros.

Vitimado no último mês após tentar socorrer um cachorro dentro do Arrudas, o militante Carlos Brandão denunciou o descaso do poder público em relação à proteção a esses animais. Apoiado por outros ativistas, Brandão afirmou que o Corpo de Bombeiros sempre é acionado pelos defensores, mas raramente comparece ao local. “É preciso tomar medidas institucionais. Dezenas de animais são retirados cotidianamente do rio por defensores, mas isso não pode ser responsabilidade nossa. Sem técnica e sem equipamento nos colocamos em risco”, alertou o ativista, que perdeu parte do dedo ao ser mordido pelo cão que tentava resgatar. “O animal estava assustado, sem comida e com frio há dias. É preciso uma estrutura adequada para recolhê-lo”, destacou.

De acordo com Brandão, o acesso dos cães ao Arrudas pode se dar de diferentes formas. Alguns caem acidentalmente, outros são jogados pelos donos que desistem da criação e muitos vão andando pelo leito do rio até a área de concreto e acabam se perdendo. Entre as sugestões apresentadas, os ativistas cobraram a atuação da Prefeitura na construção de guarda-corpo ao longo do Arrudas, no fechamento das entradas com grades e na instalação de escadas de concreto a cada quilômetro como acesso seguro para resgate de animais, de pessoas e objetos. Também foram cobradas medidas do Governo de Minas, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Falta de equipamentos

Representante dos Bombeiros, o Tenente Vinícius Calçado garantiu que a corporação não desqualifica o atendimento ao animal e reconhece a demanda como uma responsabilidade do Corpo de Bombeiros. No entanto, o militar aponta para a possibilidade de não haver equipe ou equipamento disponíveis no momento do chamado. A orientação é para que as pessoas não se arrisquem no salvamento dos animais, alertando também para o risco de contaminação no contato com a água poluída do rio.

Foi sugerida a formação de uma divisão especializada no atendimento aos animais dentro do Corpo de Bombeiros, assim como a aquisição de materiais como escadas, cordas, gaiolas e redes adequadas para a captura dos cães que, muitas vezes, estão ariscos em razão da situação de estresse.

Políticas públicas

“E após o resgate? Para onde levar esses animais? Eles precisam de um banho, vermífugo, vacinas e castração. Tem que haver um destino institucional”, alertou Brandão, destacando que os defensores têm assumido esses cuidados, mas com a falta de recursos acabam se endividando. Para o ativista, o Executivo deve investir nas políticas de controle da população de cães nas ruas. “Morrem animais que nem precisariam ter nascido”, concluiu Brandão, cobrando da Prefeitura que amplie o serviço móvel de castração de animais em vilas e favelas, o Castramóvel.

Representante do Centro de Controle de Zoonoses da PBH, Maria do Carmo Araújo afirmou que o órgão atua no resgate dos animais que estão em vias e logradouros públicos, levando-os ao CCZ, onde recebem banho e cuidados e são submetidos à cirurgia de castração. “Desde 2005, a Prefeitura já realizou cerca de 80 mil cirurgias desse tipo, tanto no Centro quanto por meio do Castramóvel”, completou a servidora, afirmando que os animais são encaminhados posteriormente às feiras de adoção realizadas semanalmente em parceria com organizações não governamentais.

A Prefeitura anunciou também que pretende criar a Coordenadoria de Defesa dos Animais no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde, como forma de facilitar a realização de contratos e convênios com entidades da sociedade civil para atendimento aos animais.

Encaminhamentos

Foi encaminhada a criação de uma comissão mista, envolvendo parlamentares, membros da Prefeitura e representantes da sociedade civil para debater o tema e estabelecer uma pauta que será levada ao Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. A Câmara Municipal irá encaminhar um ofício à corporação solicitando uma reunião para tratar da questão.

Assista aqui à reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional